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SUMÁRIO COMPLETO

Algumas pesquisas anteriormente realizadas por membros da equipa apontaram no sentido de que o envolvimento cooperativo (de professores, alunos, famílias), a capacitação (‘empowerment’), a mediação, a qualidade democrática são processos transversais a práticas socioeducativas que, em contextos sociais adversos, contribuem para construir percursos escolares bem-sucedidos. Outros estudos levantam questões sobre os méritos de algumas políticas e medidas curriculares direcionadas para o insucesso e abandono escolares, e sobre a qualidade da aprendizagem que proporcionam aos estudantes. O conhecimento disponível à escala nacional e internacional chama a atenção para fatores e causas multidimensionais inerentes aos processos de fracasso e abandono escolares e para múltiplas políticas, programas e práticas desenvolvidas com o objetivo de superar esses processos. É, no entanto, relativamente escasso o conhecimento sobre as questões que queremos estudar: os pontos de vista dos atores envolvidos; a construção de percursos escolares bem-sucedidos de jovens que vive(ra)m experiências de remobilização para a educação no contexto de práticas socioeducativas inclusivas. 
 
É proposto um estudo multi-casos de onze unidades de observação, em quatro municípios portugueses, desenvolvido em três fases/anos, por uma equipa de quinze investigadores. Em cada contexto de estudo são selecionadas práticas socioeducativas com base em: critérios fundados na literatura relevante; informação proporcionada por responsáveis institucionais (através de entrevista semiestruturada e documentos, como relatórios de atividades e de avaliação) e outros dados pertinentes (p.e., estatísticos). A caraterização de cada prática resulta da análise das informações inicialmente recolhidas, de modo a obter um portefólio de práticas socioeducativas inclusivas.
 
Numa segunda fase/ano, a análise de cada caso é ampliada através da recolha alargada de informação sobre as perspetivas e vozes de atores relevantes diretamente envolvidos, através de: entrevistas semiestruturadas individuais e coletivas, dirigidas a responsáveis das práticas estudadas, jovens, famílias, professores e outros profissionais. Serão realizadas e registadas observações diretas sobre dimensões situacionais e experienciais destas práticas socioeducativas inclusivas. Pretende-se apreender as suas dimensões comuns, bem como a diversidade e as especificidades das combinações locais de processos e dinâmicas. Prevê-se construir um painel de monografias e uma tipologia de análise de práticas socioeducativas inclusivas.
 
Na terceira fase/ano, a análise irá explorar, em quatro estudos de caso, as relações e as dimensões da construção de processos educativos e de aprendizagem coletivos e colaborativos alargados, sugeridos pelas categorias de 'comunidade de aprendizagem' e 'comunidade de práticas'. Serão efetuadas entrevistas individuais e coletivas, bem como observação direta das situações e atividades relevantes. Espera-se contribuir para documentar a forma como aqueles processos podem sustentar respostas inovadoras construídas no terreno face a necessidades socioeducativas em condições e contextos difíceis.
 
Para responder à segunda pergunta de pesquisa, será organizado um painel de jovens que, depois de um percurso escolar irregular e no contexto de práticas socioeducativas inclusivas, viveram a interrupção da espiral negativa de fracasso e abandono escolares, e estão a concluir ou concluíram percursos escolares bem-sucedidos. Pretende-se, com entrevistas em profundidade com estes jovens, recolher informação que permita compreender, nas suas próprias palavras e perspetivas, os fatores, processos e dimensões sociais, institucionais e biográficos envolvidos na sua remobilização para a aprendizagem e na construção de percursos académicos de sucesso. Espera-se elaborar perfis de percursos académicos atípicos para explorar e apreender as perspetivas, sentimentos, atitudes e decisões dos jovens em relação à educação, à escola e ao abandono escolar.

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